Afrofuturismo discute mercado de trabalho e tecnologia para mulheres
O Festival Afrofuturismo Vale do Dendê reuniu, na tarde da terça-feira (21), quatro mulheres que trabalham e desenvolvem projetos em tecnologia para falar sobre Mercado de Trabalho e Tecnologia para o público feminino. A mesa-redonda foi realizada no Museu Eugênio Teixeira Leal, no Pelourinho, e teve a participação da designer, diretora executiva e co-fundadora da Ux para Minas Pretas, Karen Santos; da engenheira de software e co-fundadora do Afopython, Amanda Vieira; da designer de experiência do usuário e monitora de Ux e UI, Lorena Santiago; e da empreendedora social e CEO da Sarsa Educacional, Andressa Tairine Evangelista, que foi a mediadora.
Durante a mesa, elas contaram um pouco da trajetória delas e falaram da importância de que mais mulheres negras ocupem a área da tecnologia e inovação, que ainda tem uma atuação majoritariamente masculina. Uma das Under 30 da Forbes Brasil, Karen Santos exibiu um vídeo sobre a Edtech Ux para Minas Pretas, que tem ampliado a empregabilidade para mulheres negras no mercado digital. A empresa é responsável hoje por uma comunidade de mais de duas mil mulheres negras e indígenas e pela concessão de mais de 900 bolsas para a comunidade.
História e ancestralidade – “O Afrofuturismo para mim tem uma importância muito significativa, sobretudo para repensar o futuro a partir da perspectiva de pessoas negras, que é um movimento importante. A gente já entende que o que construímos até aqui com a nossa voz, a nossa história e a nossa ancestralidade foi uma base, mas ainda sinto falta de pessoas negras sendo protagonistas, criando seus próprios espaços e lugares onde a gente possa não só estar, pertencer, mas também construir. Então o evento de hoje é um marco muito importante para que a gente se enxergue nesse lugar e consiga ter a nossa potencialidade fortalecida”, ressaltou.
Amanda Vieira também apresentou um vídeo curto sobre a Afropython com o depoimento de alunos da empresa de educação com foco em tecnologia. A Afropython tem seis anos de mercado e visa trazer pessoas pretas para a área de tecnologia por meio de oficinas, cursos e de um contato entre as empresas e os alunos. Até o momento, a empresa já impactou mais de 15 mil pessoas em eventos e cursos.
“Eu achei o evento incrível, principalmente pela grandiosidade, visto que está ocorrendo em vários polos e com várias oportunidades diferentes. Foi muito bom ter visto tantas referências aqui conversando com a gente e estando mais próximas”, opinou Amanda.
Espaço de fala – Para Lorena Santiago, a mesa-redonda foi extremamente necessária. “Esse debate poderia se estender para o dia inteiro, porque a gente sempre vai ramificando e descobrindo novas perspectivas e novas situações para resolver, inclusive como ux (experiência do usuário). É um evento importante pelo que a gente falou aqui: aquilombamento. Quando a gente reúne pessoas interessadas nas mesmas experiências que a gente, nos mesmos processos de vida que a gente e poder ajudá-las a entender aonde elas querem chegar, é importante para o nosso desenvolvimento como comunidade, como mulheres pretas”.
Andressa Evangelista considerou que eventos como o Festival Afrofuturismo são importantes como espaços de fala e para realização de um trabalho de conscientização nas pessoas. “É um trabalho que não é feito do dia para a noite. A gente precisa conscientizar tanto as mulheres para o mercado de trabalho, e empoderá-las, como também os homens, falando com eles para que entendam e sejam representantes e defensores desses temas tão importantes e significativos”.
Participante do evento, Luciane Reis, 46 anos, disse ter ficado muito feliz com o tema discutido e com a escolha das participantes da mesa, pois são mulheres inspiradoras. “A maior importância desse debate foi a desmistificação de que essa é uma área masculina, que as mulheres não dominam e que aquelas acima de 40 não podem fazer parte. Acho que a grande potência que essa mesa traz de provocação é a possibilidade de a gente entender que fazer 40 anos não tira a pessoa do mercado de trabalho, não a torna menos importante para esse mercado. Então, convidar as pessoas para essa reflexão é o que ela traz de mais potente e mais importante, dizer que é possível pensar uma nova cultura econômica e de mercado”.
Realização – O Festival Afrofuturismo Vale do Dendê está sendo realizado no Centro Histórico de Salvador desde segunda-feira (20), em vários espaços simultaneamente, e foi encerrado na noite de terça-feira (21), com uma apresentação do grupo Muzenza. O evento reuniu especialistas negros em tecnologia e inovação de todo o Brasil para compartilhar experiências com a comunidade jovem de Salvador.
O Afrofuturismo Vale do Dendê foi realizado pela incubadora de startups baiana Vale do Dendê, com o patrocínio da Prefeitura de Salvador, e propôs explorar fronteiras e conectar culturas. Nos dois dias de evento foram promovidos palestras, painéis, mesas-redondas, shows, talks e encontros com a contribuição cultural de 13 países, impactando centenas de pessoas.
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